O SPORT CLUB INTERNACIONAL deu um belo exemplo ao mundo esportivo nacional ao iniciar a democratização de seu clube, submetendo decisão importante à apreciação de seus associados, qual seja a escolha de seu presidente através de eleição direta. Nada mais elogiável, não fosse a existência da famigerada cláusula de barreira, medida excludente na sua essência, tolhendo e desconsiderando a manifestação de contingente significativo de sócios. Urge pois, que se prossiga, dando um passo definitivo na adoção da democracia plena, eliminando esse fator de exclusão.
A medida democrática iniciada no clube, sem dúvida, valorizou e trouxe mais legitimidade ao regime presidencialista, mas impôs também outro valor agregado, uma grande carga associativa de vontades, que deve ser levada sim em consideração por aquele que exerce a presidência. Oportuno lembrar um princípio democrático fundamental: "todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos...".
Hoje em dia, essas vontades são aferidas em profusão e devem ser consideradas quando da decisão. Por ocasião da especulação do novo técnico do Inter, várias pesquisas registraram rejeição em torno de 90% à contratação de CUCA; no entanto, para espanto e surpresa de todos, elementos ligados à diretoria - alguns até tidos como consultores - afirmam do alto de suas sapiências "não levar em consideração essas manifestações para não contratar".
Essas pessoas são aquelas mesmas que orquestraram o bizarro planejamento que culminou com o desastre diante do "glorioso" Mazembe, poupando o time e inventando rodízio de goleiros. Do dito, vê-se que, entre o discurso e a prática, existe uma distância abissal, ou seja, o exercício da democracia em sua plenitude ainda é uma meta a ser alcançada.
Contudo, se houver dúvidas da cogitação de tal contratação, avaliem a trajetória desse profissional nos clubes que treinou. Se ainda assim persistirem dúvidas, sondem seus associados, já que os nossos não importam. Em suma, se não serve sequer para times menores como o nosso arqui-rival, por que haveria de servir para nós? Caso contratado, estaremos diante de uma gestão, nem boa, nem ruim, mas pura e simplesmente "LELÉ DA CUCA".
Sidney Emerim
Conselheiro do INTERNACIONAL
integrante do MAIS INTER